sexta-feira, 29 de julho de 2016

Poema de Gabrielly Lessa

Nasci nu
Nu de corpo
De alma
De sentimentos
Tormentos
E lamentos.
Despida de todo e qualquer impedimento.
Despida de vergonha
De pudor
De toda sanidade
Da bobagem que pregam os puritanos de coração
Dos conceitos machistas de todos os irmãos.
Se eu quiser tirar a roupa?
Ah, meu bem
Eu vou tirar!
Vou ficar nua
Talvez corra pelada na rua
Vou dar!
E nem vem reclamar.
Se sua mãe
Tia
Prima
Vizinha
Quiserem tirar a roupa
Elas vão tirar!
Nascemos pra despir os corações
As razões
As incertezas
As opiniões que prendem
Que te jogam numa cadeia
Espiritual
Sentimental.
Nascemos pra viver nas noites boêmias
Nas festas de fins de semana
Nos bares vagabundos de esquina.
Nascemos pra chegar bêbadas em casa
Pra fazer escândalo na rua
Pra bater de frente com quem quiser impedir
É, meu bem
Devo repetir!
Viemos aqui pra despir!
Despir os que prezam pelos bons modos
Que agem pelos bons preceitos.
Os recatados de alma que me perdoem
Me perdoem pela nudez
Pela baixa qualidade de inspiração
Pela sacanagem
Pela apologia à poesia de quinta
Me perdoem por falar a verdade
Mas nasci na putaria
Nasci da putaria
Na hostilidade
Na mais pura insanidade.
Não vim aqui pra agradar gente frígida
Nem aceitar seus conselhos de merda.
Malditos tolos que não se libertam!
Que não tiram a roupa
Que não sentem prazer!
Sou vulgar demais?
Não.
Sou vadia demais?
Quem sabe...
Sou puta?
Ah, querido
Se ser puta é viver do modo que mais lhe agrada
Que te faz feliz
Satisfeita
Realizada
Então, puta eu vou ser
Pode me chamar de puta!
Sou puta com todo prazer.


Por Gabrielly Lessa

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