segunda-feira, 27 de junho de 2016

Por Cecília Marazano

"Eu fico pensando em que ponto que a vida desanda. Em que ponto do caminho que a gente escolhe o que a gente tem em mãos no momento. Quando é que acontece esse momento que dita o que a gente vai viver lá na frente. Onde é que se perde o controle de tudo, e a vida não passa de um dia após o outro. Eu tenho medo disso. De apesar de estar dando os passos ‘certos’, num piscar de olhos me perguntar ‘o que eu tô fazendo aqui, que casa é essa, que vida é essa, que pessoas são essas ao meu redor?' ".

Por Cecília Marazano

domingo, 26 de junho de 2016

Conto de Charles Bukowski

A Mulher mais linda da cidade


"Das 5 irmãs, Cass era a mais moça e a mais bela. E a mais linda mulher da cidade. Mestiça de índia, de corpo flexível, estranho, sinuoso que nem cobra e fogoso como os olhos: um fogaréu vivo ambulante. Espírito impaciente para romper o molde incapaz de rete-lo. Os cabelos pretos, longos e sedosos, ondulavam e balançavam ao andar. Sempre muito animada ou então deprimida, com Cass não havia esse negócio de meio-termo. Segundo alguns, era louca. Opiniões de apáticos. Que jamais poderiam compreendê- la . Para os homens, parecia apenas uma máquina de fazer sexo e poucos estavam ligando para a possibilidade de que fosse maluca. E passava a vida a dançar, a namorar e beijar. Mas, salvo raras exceções , na hora agá sempre encontrava forma de sumir e deixar todo mundo na mão. As irmãs a acusavam de desperdiçar sua beleza, de falta de tino; só que Cass não era boba e sabia muito bem o que queria : pintava, dançava, cantava, dedicava-se a trabalhos de argila e, quando alguém se feria , na carne ou no espírito, a pena que sentia era uma coisa vinda do fundo da alma. A mentalidade é que simplesmente destoava das demais: nada tinha de prática. Quando seus namorado ficavam atraídos por ela, as irmãs se enciumavam e se enfureciam, achando que não sabia aproveita- los como mereciam. Costumava mostrar-se boazinha com os feios e revoltava-se contra os considerados bonitos- "uns frouxos", dizia, " sem graça nenhuma. Pensam que basta ter orelhinhas perfeitas e nariz bem modelado..... Tudo por fora e nada por dentro.... " Quando perdia a paciência, chegava as raias da loucura; tinha um gênio que alguns qualificavam de insanidade mental. O pai havia morrido alcoólatra e a mãe fugira de casa, abandonando as filhas. As meninas procuraram um parente, que resolveu interná- las num convento. Experiência nada interessante, sobretudo para Cass. As colegas eram muito ciumentas e teve que brigar com a maioria. Trazia marcas de lâmina de gilete por todo o braço esquerdo, de tanto se defender durante suas brigas. Guardava, inclusive, uma cicatriz indelével na face esquerda, que em vez de empanar-lhe a beleza só servia para realça- la. Conheci Cass uma noite no West End Bar. Fazia vários dias que tinha saído do convento. Por ser a caçula entre as irmãs , fora a ultima a sair. Simplesmente entrou e sentou-se do meu lado. Eu era provavelmente o homem mais feio da cidade- o que bem pode ter contribuído. 
- Quer um drinque?- perguntei. 
-Claro por que não? 
Não creio que houvesse nada de especial na conversa que tivemos essa noite. Foi mais a impressão que causava. Tinha me escolhido e ponto final. Sem a menor coação . Gostou da bebida e tomou várias doses. Não parecia ser de maior idade, mas, não sei como, ninguém se recusava a servi- la. Talvez tivesse carteira de identidade falsa , sei lá. O certo é que toda vez que voltava do toalete para sentar do meu lado, me dava uma pontada de orgulho. Não só era a mulher mais linda da cidade como também das mais belas que vi em toda minha vida. Passei- lhe o braço pela cintura e dei- lhe um beijo. 
- Me acha bonita?- perguntou. 
- Lógico que acho, mas não é só isso.... é mais que uma simples questão de beleza... 
- As pessoas sempre me acusam de ser bonita. Acha mesmo que sou?
- Bonita não é bem o termo, e nem te faz justiça. 
Cass meteu a mão na bolsa. Julguei que estivesse procurando um lenço. Mas tirou um longo grampo de chapéu. Antes que pudesse impedir, já tinha espetado o tal grampo, de lado, na ponta do nariz. Senti asco e horror. Ela me olhou e riu. 
- E agora, ainda me acha bonita? O que é que você acha agora, cara? 
Puxei o grampo, estancando o sangue com o lenço que trazia no bolso. Diversas pessoas, inclusive o sujeito que atendia no balcão, tinha assistido a cena. Ele veio até a mesa: 
- Olha - disse para Cass,- se fizer isso de novo, vai ter que dar o fora. Aqui ninguém gosta de drama. 
- Ah vai te foder, cara! 
- É melhor não dar mais bebida pra ela- aconselhou o sujeito. 
- Não tem perigo- prometi - 
O nariz é meu - protestou Cass, - faço dele o que bem entendo. 
- Não faz, não - retruquei, - porque isso me dói. 
- Quer dizer que eu cravo o grampo no nariz e você é que sente dor? 
- Sinto , sim. Palavra 
- Está bem, pode deixar que eu não cravo mais. Fica sossegado. 
Me beijou ainda sorrindo e com o lenço encostado no nariz. Na hora de fechar o bar, fomos para onde eu morava. Tinha um pouco de cerveja na geladeira e ficamos lá sentados, conversando. E só então percebi que estava diante de uma criatura cheia de delicadeza e carinho. Que se traía sem se dar conta. Ao mesmo tempo que se encolhia numa mistura de insensatez e incoerência. Uma verdadeira preciosidade. Uma jóia, linda e espiritual. Talvez algum homem, uma coisa qualquer , um dia a destruísse para sempre. Fiquei torcendo para que não fosse eu. 
Deitamos na cama e , depois apaguei a luz, Cass perguntou: 
- Quando é que você quer transar? Agora ou amanhã de manhã? 
- Amanhã de manhã- respondi virando de costas para ela. 
No dia seguinte me levantei e fiz dois cafés. Levei o dela na cama. Deu uma risada. 
- Você é o primeiro homem que conheço que não quis transar de noite. 
- Deixa pra lá - retruquei, - a gente nem precisa disso. 
- Não, pera aí , agora me deu vontade. Espera um pouco que não demoro. 
Foi até o banheiro e voltou em seguida, com uma aparência simplesmente sensacional- os longos cabelos pretos brilhando, os olhos e a boca brilhando, aquilo brilhando.... Mostrava o corpo com calma, como a coisa boa que era. Meteu- se em baixo do lençol. 
- Vem de uma vez, gostosão. 
Deitei na cama. Beijava com entrega, mas sem se afobar. Passei- lhe as mãos pelo corpo todo, por entre os cabelos. Fui por cima. Era quente, apertada. Comecei a meter devagar, compassivamente, não querendo acabar logo. Os olhos dela encaravam, fixos os meus. 
- Qual é teu nome? - perguntei. 
- Porra, que diferença faz? - replicou. 
Ri e continuei metendo. Mais tarde se vestiu e levei-a de carro de novo para o bar. Mas não foi nada fácil esquecê-la. Eu não andava trabalhando e dormi até as 2 da tarde. Depois levantei e li o jornal. Estava sentado na banheira quando ela entrou com uma folhagem grande na mão - uma folha de inhame. 
- Sabia que ia te encontrar no banho- disse, - por isso trouxe isto aqui pra cobrir esse seu troço aí, seu nuclista. E atirou a folha de inhame dentro da banheira. 
- Como adivinhou que eu estava aqui? 
- Adivinhando, ora. 
Chegava quase sempre quando eu estava tomando banho. O horário podia variar, mas Cass raramente se enganava. E tinha todos os dias a folha de inhame. Depois a gente trepava. Houve uma ou duas noites em que telefonou e tive que ir pagar a fiança para livrá- la da detenção embriaguez ou desordem. 
- Esses filhos da puta- disse ela, - só porque pagam umas biritas pensam que são donos da gente. - Quem topa o convite já esta comprando barulho. 
- Imaginei que estivessem interessados em mim e não apenas no meu corpo. 
- Eu estou interessado em você e também no teu corpo. Mas duvido muito que a maioria não se contente com o corpo. 
Me ausentei seis meses da cidade, vagabundei um pouco e acabei voltando. Não esqueci Cass, mas a gente havia discutido por algum motivo qualquer e me deu vontade de zanzar por aí. Quando cheguei, supus que tivesse sumido, mas nem fazia meia hora que estava sentado no West End Bar quando entrou e veio sentar no meu lado. 
- Como é, seu sacana, pelo que vejo você já voltou. 
Pedi bebida pra ela. Depois olhei. Estava com um vestido de gola fechada. Cass jamais tinha andando com um traje desses. E logo abaixo de cada olheira, espetados, havia dois grampos com ponta de vidro. Só dava para ver as pontas, mas os grampos, virados para baixo, estavam enterrados na carne do rosto. 
- Porra, ainda não desistiu de estragar tua beleza? 
- Que nada seu bobo, agora é moda. 
- Pirou de vez. 
- Sabe que senti saudade? - comentou. 
- Não tem mais ninguém no pedaço? 
- Não , só você. Mas agora resolvi dar uma de puta. Cobro dez pratas. Pra você , porém é de graça. 
- Tira esses grampos daí. 
- Negativo. É moda. 
- Estão me deixando chateado. 
- Tem certeza? 
- Claro que tenho ,pô. Cass tirou os grampos devagar e guardou na bolsa. 
- Por que é que faz tanta questão de esculhambar o teu rosto? - perguntei. 
- Quando vai se conformar com a ideia de ser bonita.? 
- Quando as pessoas pararem de pensar que é a única coisa que eu sou. Beleza não vale nada e depois não dura. Você nem sabe a sorte que tem de ser feio. Assim quando alguém simpatiza contigo, já sabe que é por outra razão. 
- Então ta. Sorte minha né? 
- Não que você seja feio. Os outros é que acham. Até que a tua cara é bacana. 
- Muito obrigado. Tomamos outro drinque. 
- O que anda fazendo? - perguntou. 
- Nada. Não há jeito de me interessar por coisa alguma. Falta de animo. 
- Eu também. Se você fosse mulher, podia ser puta. 
- Acho que não ia gostar de um contato tão íntimo com tantos cara desconhecidos. Acaba enchendo. 
- Puro fato, acaba enchendo mesmo. Tudo acaba enchendo. 
Saímos juntos do bar. Na rua as pessoas ainda espantavam com Cass. Continuava linda talvez mais do que antes. Fomos para o meu endereço. Abri uma garrafa de vinho e ficamos batendo papo. Entre nós dois a conversa sempre fluía espontânea. Ela falava um pouco, eu prestava atenção, e depois chegava a minha vez. Nosso diálogo era assim, simples, sem esforço nenhum. Parecia que tínhamos segredos em comum. Quando se descobria um que valesse a pena, Cass dava aquela risada- da maneira que só ela sabia dar. Era como a alegria provocada por uma fogueira. Enquanto conversávamos, fomos nos beijando e aproximando cada vez mais. Ficamos com tesão e resolvemos ir para a cama. Foi então que Cass tirou o vestido de gola fechada e vi a horrenda cicatriz irregular no pescoço - grande e saliente. 
- Puta que pariu, criatura- exclamei, já deitado.- Puta que pariu. Como é que você foi me fazer uma coisa dessas? 
- Experimentei uma noite, com um caco de garrafa. Não gosta mais de mim? Deixei de ser bonita? 
Puxei- a para a cama e dei- lhe um beijo na boca. Me empurrou pra trás e riu. 
- Tem homens que me pagam as dez pratas, aí tiro a roupa e desistem de transar. E eu guardo o dinheiro para mim. É engraçadíssimo . 
- Se é - retruquei, - estou quase morrendo de tanto rir... Cass , sua cretina eu amo você... mas para com esse negócio de querer se destruir, você é a mulher mais cheia de vida que já encontrei. Beijamos de novo. Começou a chorar baixinho. Sentia - lhe as lágrimas no rosto. Aqueles longos cabelos pretos me cobriam as costas feito mortalha. Colamos os corpos e começamos a trepar, lenta, sombria e maravilhosamente bem. Na manha seguinte acordei com Cass já em pé, preparando o café. Dava a impressão de estar perfeitamente calma e feliz. Até cantarolava. Fiquei ali deitado, contente com a felicidade dela. Por fim veio até a cama e me sacudiu. 
- Levanta cafajeste! Joga um pouco de água fria nessa cara e nessa pica e venha participar da festa! 
Naquela dia convidei-a para ir á praia de carro. Como estávamos na metade da semana e o verão ainda não havia chegado, encontramos tudo maravilhosamente deserto. Ratos de praia, com a roupa em farrapos, dormiam espalhados pelo gramado longe da areia. Outros, sentados em bancos de pedra, dividiam uma garrafa de bebidas da tristonha. Gaivotas esvoaçavam no ar, descuidadas e no entanto aturdidas. Velhinhas de seus 70 ou 80 anos, lado a lado nos bancos, comentavam a venda de imóveis herdados de maridos mortos há muito tempo, vitimados pelo ritmo e estupidez da sobrevivência . Por causa de tudo isso, respirava- se uma atmosfera de paz e ficamos andando, para cima e para baixo, deitando e espreguiçando-nos na relva, sem falar quase nada. Com aquela sensação simplesmente gostosa de estar juntos. Comprei sanduíches, batatas frita e uns copos de bebida e nos deixamos ficar sentados, comendo na areia. Depois me abracei a Cass e dormimos encostados um no outro durante durante quase uma hora. Não sei por que , mas foi melhor do que se tivéssemos transado. Quando acordamos, voltamos de carro para onde eu morava e fiz o jantar. Jantamos e sugeri que fossemos para a cama. Cass hesitou um bocado de tempo, me olhando, e ai então respondeu, pensativa: 
- Não. Levei- a outra vez até o bar, paguei-lhe um drinque e vim- me embora . no dia seguinte encontrei serviço como empacotador numa fabrica e passei o resto da semana trabalhando. Andava cansado demais para cogitar de sair á noite, mas naquela sexta- feira acabei indo ao West End Bar. Sentei e esperei por Cass. Passaram- se horas. Depois que já estava bastante bêbado, o sujeito que atendia no balcão me disse: 
- Uma pena o que houve com sua amiga. 
- Pena por que? 
- Desculpe . Pensei que soubesse. 
- Não.
- Se suicidou. Foi enterrada ontem. 
- Enterrada? - repeti Estava com a sensação de que ela ia entrar a qualquer momento pela porta da rua . Como poderia estar morta? 
- Sim, pelas irmãs . 
- Se suicidou? Pode- se saber de que modo? 
- Cortou a garganta. 
- Ah! Me dá outra dose. 
Bebi até a hora de fechar. Cass a mais bela das 5 irmãs, a mais linda mulher da cidade. Consegui ir dirigindo até onde morava. Não parava de pensar. Deveria ter insistido para que ficasse comigo em vez de aceitar aquele "não". Todo o seu jeito era de quem gostava de mim. Eu é que simplesmente tinha bancado o durão, decerto por preguiça por ser desligado demais. Merecia a minha morte e a dela. Era um cão. Não, para que por a culpa nos cães? Levantei, encontrei uma garrafa de vinho e bebi quase inteira. Cass, a garota mais linda da cidade, morta aos vinte anos. Lá fora, na rua, alguém buzinou dentro de um carro. Uma buzina fortíssima, insistente. Bati a garrafa com força e gritei: 
- MERDA! PARA COM ISSO, SEU FILHO DA PUTA! 
A noite foi ficando cada vez mais escura e eu não podia mais fazer nada."



Por Charles Bukowski

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Poema de Johnattan Willian ( Arte do Nada )

Amorzinho

Eu tentei falar de amor
Mas me engasguei com whisky
Tentei escrever seu significado
Com fumaça
Talvez seja melhor eu
Lamber seu corpo
Até que você ame
Poemas não servem
Para falar de amor
Se você pensa no que escrever
Eu tentei falar de amor
Mas não quis interromper seus gemidos
Uma mosca só tem
A própria sujeira e
As asas para cortar a noite
Enquanto a morte não vem
E se você deixá-la fazer isto
Então você sabe
O que é
Amor.

Por Johnattan Willian ( Arte do Nada ) 

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Jean-Jacques Rousseau no livro O Contrato Social

Livro O contrato social
De fato, cada individuo pode, como homem, ter uma vontade particular contraria ou dessemelhante à vontade geral que tem como cidadão. Seu interesse particular pode lhe falar de um modo bem diferente que o interesse comum.
- Jean-Jacques Rousseau

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Poema de Ana Cristina César

Soneto

Pergunto aqui se sou louca
Quem quer saberá dizer
Pergunto mais, se sou sã
E ainda mais, se sou eu
Que uso o viés pra amar

E finjo fingir que finjo
Adorar o fingimento
Fingindo que sou fingida

Pergunto aqui meus senhores

quem é a loura donzela
que se chama Ana Cristina
E que se diz ser alguém
É um fenômeno mor
Ou é um lapso sutil?



Por Ana Cristina César

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Fiódor Dostoiévski no livro Notas do Subsolo

"Estou incomodando todos vocês, arrebentando seus corações, não deixo ninguém dormir, sintam também minuto a minuto que meus dentes estão doendo. Já não sou mais para vocês o herói que antes quis parecer, sou simplesmente um homenzinho desprezível, um chenapan*..."

*Chenapan - Patife, desordeiro, vagabundo. (do Francês)

-Fiódor Dostoiévski

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Poema Confissão de Charles Bukowski

Confissão

À espera da morte
como um gato
que saltará sobre a
cama

Sinto terrivelmente por
minha esposa

Ela verá este 
corpo
duro e 
branco

Vai sacudi-lo uma vez, depois
quem sabe
outra:

"Hank!"

Hank não
responderá.

Não é minha morte o que
me preocupa, é minha mulher
abandonada com este
monte de
nada.

Quero
no entando
que ela saiba
que todas as noites
dormindo
ao seu lado

Que mesmo as discussões
inúteis
sempre foram
esplêndidas

E que as palavras
difíceis
que sempre temi 
dizer
podem agora ser
ditas:

Eu te
amo.

Por Charles Bukowski

segunda-feira, 6 de junho de 2016

O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio

Charles Bukowski

Poema de Katarine Bispo

Minhas unhas são os pincéis, suas costas a tela,
nosso suor a tinta aquarela.
Você goza em minha boca,
eu engulo,
pois não se cospe poesia.
O som do que se sente além do corpo,
o gemido, o grito e por fim o sorriso,
sarcástico.
Eu me cuspi em você e você me tragou como um fumante neurótico.
Eu psicopata e você psicótico,
desafiamos as leis da física, ocupamos o mesmo espaço.
Se minha pele se esbarra na sua,
mesmo que de leve e sente o choque que ela é,
eu não sou capaz de pensar em mais nada.
Meu corpo é seu e o nosso sexo é arte abstrata.



Por Katarine Bispo

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Poema de Christian Vargas

Ela conversa comigo
diz que gosta dessa
coisa de poeta
nem imagina ela
o quanto admiro
seu jeito de
com versar
poesia.

Por Chrtistian Vargas